A trilha da Cachoeira da Fumacinha na Chapada Diamantina, na Bahia, é para os fortes! Antes de fazer, pesquisei bastante. Li vários relatos sobre a dificuldade, mas, mesmo assim, resolvi encarar. Realmente, foi bastante complicado. Tanto pela minha falta de preparo físico quanto pelo guia escolhido. Mas não se pode negar que o local é espetacular e que vivi uma experiência única, inesquecível. Passei perrengues, infelizmente, mas aposto que você não terá problemas se seguir as dicas deste post 🙂
Contratar um guia:
Essa trilha só pode ser feita com um profissional, ok? É possível pedir o contato de um guia turístico no próprio local onde você se hospedar. Geralmente, o recepcionista do hotel ou pousada tem alguém de confiança para indicar. Eu fiquei na Pousada Monte Azul, em Mucugê, que é ótima. Louca para conhecer a Fumacinha, logo na chegada pedi recomendação de um guia, que foi até lá conversar comigo. Ele disse que as condições não estavam favoráveis para fazer a trilha, como explicarei mais adiante. Mas eu, teimosa, não queria sair da Chapada Diamantina sem visitar a Fumacinha e, então, resolvi buscar outra pessoa que topasse fazer.
A partir de uma busca na internet, acabei encontrando a Associação dos Condutores de Visitantes de Ibicoara, que fica a cerca de uma hora de carro de Mucugê. Foi lá que, no segundo dia, contratei o guia Elenilson para fazer a trilha da Cachoeira do Buracão, outro ponto turístico procuradíssimo da Chapada Diamantina. Como correu tudo bem, peguei seu telefone e combinei a ida à Fumacinha para o dia seguinte. Ele cobrou R$ 250 para duas pessoas (valor em 2017).
Quando ir:
Elenilson disse que ia esperar um amigo, também guia, voltar da trilha para saber se seria possível mesmo ir no dia seguinte. E é aí que entra uma questão importante que você deve saber. Novembro, quando estive lá, é uma época de chuvas e os rios acabam ficando bem cheios. O período seco vai de abril a setembro e costuma ser o mais recomendado para visitar a Chapada Diamantina.
Como contarei mais para frente, esse fator pesou muito negativamente no meu passeio. Apesar de a cachoeira estar com aquele volume de água majestoso, chegar a ela foi bem mais trabalhoso.
Por volta das 18h, finalmente, Elenilson avisou que conseguiríamos ir e marcou entre 6h e 7h num ponto próximo ao parque onde fica a Cachoeira do Buracão.
Como chegar:
A partir da tal associação dos guias em Ibicoara, é preciso seguir em direção ao parque da Cachoeira do Buracão por uma estrada de terra durante meia hora, aproximadamente. Depois, vem outra estrada de terra que é percorrida em 20 minutos. Só então surge o início da trilha da Cachoeira da Fumacinha. Há espaço para estacionar o carro, não se preocupe. O ideal é sair do hotel já com um guia ou encontrar com ele na associação. Marcamos no meio da estrada porque já conhecíamos o percurso.
ALUGUE UM CARRO para explorar a Chapada Diamantina
A trilha tem 18km no total (ida e volta). Ela deveria começar às 7h, impreterivelmente. Porém, chegamos, eu e meu namorado, às 6h30m e não encontramos o Elenilson. Sem sinal de celular, não obtivemos contato. Desistimos e voltamos. Na estrada, a conexão surgiu novamente e recebemos uma mensagem dele. Resolvemos retornar. Para vocês verem como eu estava determinada a fazer a trilha, né? rsrs. Por causa do vaivém, o passeio se iniciou depois das 8h, o que foi outra furada.
A trilha da Cachoeira da Fumacinha na Chapada Diamantina:
Depois de toda essa dificuldade inicial, eis que começa a trilha. Num primeiro momento, estava tudo ótimo e a caminhada seguia por trechos planos. Elenilson nos encorajou, disse que a maioria das pessoas costuma completar a trilha em quatro horas na ida. Frisou que poderíamos chegar até antes disso. Contudo, a situação só piorou.
Conforme expliquei acima, os rios estavam bem cheios e me pareceu que o guia não esperava por isso, já que, teoricamente, tinha consultado o amigo anteriormente. Portanto, não passou nenhuma segurança durante as travessias na água. Numa das vezes, escorreguei feio e quase fui levada pela correnteza. Esses percalços me desanimaram bastante. Se fosse um período de seca, seria possível andar com muito mais tranquilidade.
Além disso, há uma infinidade de pedras. Cada obstáculo foi se tornando um sofrimento para mim. Havia uma parte para escalar um paredão sem cordas, claro. Devia ter uns três metros. Vale lembrar que estou falando de uma pessoa muito enrolada e sem habilidades, tá? Qualquer um com um preparo razoável e com coordenação não teria penado tanto rsrs.
Em conclusão, por causa do atraso lá no começo e da lentidão na travessia, chegamos, enfim, à Cachoeira da Fumacinha em cinco horas, já perto das 14h. Para piorar, o guia nos disse que era preciso ir andando pelas pedras até a cachoeira (esse paredão lateral que vocês observam nas fotos). Pedras essas cheias de limo. Já estava exausta e tudo o que queria era curtir o lugar, mas acabei perdendo totalmente o ânimo. Depois, percebemos que daria para ter nadado sem problemas em direção à cachoeira, embora a água fosse bastante fria. Ou seja, ele dificultou tudo mais uma vez.
Nem conseguimos aproveitar direito ou fazer muitas fotos, pois estávamos preocupados com o horário. Repito: para quem tem fôlego e opta pelo período seco vale demais a pena. O visual é MUITO surreal. Um dos lugares mais bonitos que já vi na vida.
A volta:
Saímos por volta das 14h da Cachoeira da Fumacinha. No caminho, fui ficando tensa. Faltava força nas pernas e eu só pensava que chegaríamos às 19h, na escuridão. Já tinha feiro outras trilhas longas, de 9km (Cachoeira do Segredo, na Chapada dos Veadeiros) e de 12km (Janela do Céu, em Ibitipoca), mas nenhuma se comparou a esta. Então, se você não tiver passado por uma experiência próxima, aconselho pensar direitinho.
Voltamos em 4h30m e pudemos passar pelo último rio (foram mais de seis travessias em cursos d’água ao todo) ainda com o dia claro, ufa! Durante o percurso, comentamos sobre lanterna com o guia e ele respondeu que não tinha. Um profissional que se dispõe a fazer essa caminhada precisa ter todos os equipamentos. Portanto, é fundamental escolher cuidadosamente a pessoa que vai acompanhar você.
Outro ponto importante é a alimentação. Mal conseguimos parar para comer. Levamos apenas barrinhas de cereais e biscoitos. E não tomamos café da manhã, já que saímos da pousada às 5h. Então, faça um bom planejamento e providencie pelo menos duas garrafas de um litro de água (uma por pessoa).
E aí? Gostou das dicas? Força na peruca e vai logo conhecer essa maravilha do nosso Brasil!
carlaalexmota
Essa cachoeira é DEMAIS! Linda. Fiquei apaixonada. 😀
Amilton Fortes
Que linda! Adoraria me refrescar nela nesse verão…. Obrigado por compartilhar. Abs
Ruthia
Annaluiza, que pena que a experiência foi penosa para ver essa pequena maravilha. O lado positivo é que conseguiu ver a cachoeira numa época com menos turistas e um caudal de água maior. As fotos ficaram lindas.
Abraço
Gisele Teixeira
uau!! Fiquei apaixonada por esta cachoeira! Lindas fotos. Bjs
Bruno Miguel
Ahhhh, realmente uma pena ter sido uma experiência não muito boa! Sempre vemos coisas boas sobre essa cachoeira, mas os posts como os seus são os melhores, pois são verdadeiros. Obrigado por compartilhar e quando formos, tentaremos escolher a melhor época e guia também!
Analuiza
Olá minha quase xará!
Eu acho a Chapada Diamantina um dos lugares mais bonitos e exuberantes que já pus os olhos. Suas fotos não negam o que eu disse. Já estive lá muitas vezes, mas nunca na região de Mucugê. Ainda!
Sempre termino indo para o Vale do Capão e fazendo trilhas por lá. Nunca contratei guia e nunca tive problemas em caminhar com amigos por aqueles lados. Contudo, você fez em bem em seguir acompanhada de um, pois com a natureza não se brinca.
Você foi corajosa em se aventurar por uma trilha de 18 quilômetros pela chapada. Que bom que no final deu tudo certo, você viu lindas paisagens. Me parece, pelo seu relato, que o guia ao ver os rios cheios, deveria ter voltado. Correram risco alto, ainda mais sem lanterna e outros equipamentos. Que sua experiência fique de alerta para outros viajantes como nós: pesquisemos bastante e perguntemos muito antes de nos aventurarmos. bjus
De boa na trip
Sim, quero que sirva como alerta mesmo. Como você disse, não se brinca com a natureza!
Viviane Carneiro
Nossa… que cachoeira mais linda! Já estava com muita vontade de conhecer a Chapada Diamantina, agora a vontade só aumentou.
Marcia
Que pena ter recordações ruins de um lugar tão lindo. Pior que isso foi a irresponsabilidade do guia, que levou vocês a um lugar que ele parecia desconhecer. Que bom que não aconteceu nada tão grave.
Patrícia
Valeu pela dica, tô indo (finalmente) a chapada em abril e essas informações são super importantes. Obrigada 🙂
Carlos
lamentável um guia que não possui nem uma lanterna, é equipamento básico para uma emergência. na verdade eu já fiquei com a orelha em pé qdo você disse que marcou “entre 6h e 7h” para encontrar o guia, sem uma definição exata de horário, ou seja, já está prevendo o atraso mesmo e jogando para cima qualquer possibilidade de programação. a falta de profissionalismo foi gritante em seu passeio, em vários aspectos. pagar 250 reais ao guia foi quase um pedágio apenas.
De Boa na Trip
Sim, bem complicado, Carlos. Fica aí o alerta pra todo mundo que for visitar 🙂
Porque não fomos na Cachoeira da Fumacinha.. E Cachoeira Véu de Noiva: um plano B incrível! | Aprontando pelo Mundo
[…] Um desses relatos é da Anna Luiza, do De Boa na Trip, vê aqui. […]